segunda-feira, 25 de maio de 2015

As Cruzadas: suas causas e consequências - 1º Ano

ESCOLA ESTADUAL TRÊS PODERES
TEXTO PARA ANÁLISE EM SALA

Professora: Simonia Paiva


As Cruzadas: suas causas e consequências



As Cruzadas levaram novo ímpeto ao comércio. Dezenas de milhares de europeus atravessaram o continente por terra e mar para arrebatar a Terra Prometida aos muçulmanos. Necessitavam de provisões durante todo o caminho e os mercadores os acompanhavam a fim de fornecer-lhes o de que precisassem. Os cruzados que regressavam de suas jornadas ao Ocidente traziam com eles o gosto pelas comidas e roupas requintadas que tinham visto e experimentado. Sua procura criou um mercado para esses produtos. Além disso, registrou-se um acentuado aumento na população, depois do século X, e esses novos habitantes necessitavam de mercadorias. Parte dessa população não tinha terras e viu nas Cruzadas uma oportunidade de melhorar sua posição na vida. Freqüentemente, as guerras fronteiriças contra os muçulmanos, no Mediterrâneo, e contra as tribos da Europa oriental eram dignificadas pelo nome de Cruzadas quando, na realidade, constituíam guerras de pilhagem e por terras. A Igreja envolveu essas expedições de saque num manto de respeitabilidade, fazendo-as aparecer como se fossem guerras com o propósito de difundir o Evangelho ou exterminar pagãos, ou ainda defender a Terra Santa.
Desde os primeiros tempos realizaram-se peregrinações à Terra Santa (houve 34 do século VIII ao X e 117 no século XI). Era sincero o desejo de resgatar a Terra Santa, e apoiado por muitos que nada ganhavam com isso. Mas a verdadeira força do movimento religioso e a energia com que foi orientado fundamentavam-se grandemente nas vantagens que poderiam ser conquistadas por certos grupos.
Primeiro, havia a Igreja. Animada, sem dúvida, por um motivo religioso honesto. Mas também com o bom senso de reconhecer que se tratava de uma época de luta e, assim, dela se apoderou a idéia de transportar o furor violento dos guerreiros a outros países que se poderiam converter ao cristianismo, caso a vitória lhes sorrisse. A Clermont, na França, no ano de 1095, dirigiu-se o Papa Urbano II. Num descampado, já que não havia edifício suficientemente grande para abrigar os que queriam ouvi-lo, exortou os fiéis a se aventurarem numa Cruzada, nos seguintes termos, segundo o depoimento de Fulcher de Chartres, que estava presente: “Deixai os que outrora estavam acostumados a se baterem, impiedosamente, contra os fiéis, em guerras particulares, lutarem contra os infiéis... Deixai os que até aqui foram ladrões, tornarem-se soldados. Deixai aqueles que outrora se bateram contra seus irmãos e parentes, lutarem agora contra os bárbaros, como devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixos salários, receberem agora ~ recompensa eterna...

Segundo, havia a Igreja e o Império Bizantino, com sua capital  em Constantinopla, muito próximo ao centro do poder muçulmano na Ásia. Enquanto a Igreja Romana via nas Cruzadas a opor:unidade de estender seu poderio, a Igreja Bizantina via nelas o meio de restringir o avanço muçulmano a seu próprio território.

    Terceiro, havia os nobres e cavaleiros que desejavam os saques, ou estavam endividados, e os filhos mais novos, com pequena ou nenhuma herança — todos julgavam ver nas Cruzadas uma oportunidade para adquirir terras e fortuna.
    Quarto, havia as cidades italianas de Veneza, Gênova e Pisa. Veneza foi sempre uma cidade comercial. Qualquer cidade localizada num arquipélago a isso era obrigada. Se as ruas de uma cidade são canais, é de esperar que sua população se sinta mais à vontade em um barco que em terra. É o que se passa com os venezianos. Ainda, Veneza apresenta-a uma localização ideal para a época, pois o bom comércio era o do Oriente, tendo o Mediterrâneo como saída. Uma vista d’olhos no tapa será o suficiente para mostrar por que Veneza e outras cidades italianas se tornaram centros comerciais tão importantes. O que o mapa não mostra, mas também é verdade, é que Veneza permaneceu ligada a Constantinopla ao Oriente, depois que a Europa ocidental se dispersou. Uma vez que Constantinopla, durante muitos anos, foi a maior cidade na região do Mediterrâneo, essa constituía uma vantagem a mais. Significava que as especiarias orientais, sedas, musselinas, drogas e tapetes seriam transportados para a Europa pelos venezianos, que mantinham a rota interna. E porque foram originariamente cidades comerciais, Veneza, Gênova e Pisa desejavam privilégios especiais de comércio com as cidades ao longo da costa da Ásia Menor. Nessas cidades, viviam os odiados muçulmanos, os inimigos de Cristo. Mas lá isso fazia alguma diferença aos venezianos? Nem por sombra. As cidades comerciais italianas encaravam as Cruzadas como uma oportunidade de obter vantagens comerciais.
(HUBERMAN,  Leo  História da riqueza do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1983, p. 27-9)


Questões sobre o texto:
1. Como as Cruzadas influíram no comércio?
2. Qual o motivo que, segundo o autor, impeliu certos grupos de pessoas a participarem das Cruzadas?
3. Além do motivo religioso, o que mais animava a Igreja a promover as Cruzadas?
4. Com que objetivo os nobres e cavaleiros participaram das Cruzadas?

5. Como as cidades de Veneza, Gênova e Pisa encararam as Cruzadas?

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