domingo, 4 de outubro de 2015

Sessão de Cinema - Aprendendo História com filmes

Profª Simonia

Em 1507, Martinho Lutero é ordenado sacerdote, tornando-se monge da Ordem dos Agostinianos. Enviado à Roma, toma conhecimento das "indulgências", uns Certificados patrocinados pelo Vaticano que, adquiridos por uma certa quantia, garantiriam a salvação eterna. 

De volta à Alemanha, faz o doutorado na Universidade de Wittenberg e se torna professor de teologia. Em suas aulas, ele enfatiza a importância da fé. Ganhando a proteção do príncipe Friedrich da Saxônia e do vigário-geral dos agostinianos da Alemanha, Johann von Staupitz , em pouco tempo consegue congregar muitos admiradores de seus sermões. 

A chegada à Alemanha de Johann Tetzel, inquisidor da Polônia, com o propósito de conseguir fundos com a venda de indulgências, faz com que Lutero se revolte e escreva suas 95 teses, mostrando as razões pelas quais considera a prática da venda de indulgências um erro e um abuso por parte de Roma. Suas teses são por ele afixadas, em 1517, na porta da Igreja do Castelo, em Wittenberg. Seus escritos são largamente reproduzidos pela nova imprensa de Guttenberg, de modo que, em semanas, suas críticas à Igreja estão sendo lidas em toda a Europa. 

A reação do Papa Leão X é imediata. Lutero é levado à Augsburg para se retratar diante do Cardeal Jacob Cajetan. Como ele não se retrata, Georg Spalatin procura o príncipe Friedrich para lhe informar da situação de Lutero que, provavelmente, será levado ao tribunal da Inquisição. 

Roma envia Karl von Miltitz para pressionar o príncipe Friedrich a entregar Lutero. Friedrich se nega a fazê-lo, comunicando sua decisão ao amigo Georg Spalatin. 

O Papa ordena, então, o confisco e a queima dos livros de Lutero. A população local coloca-se do lado do monge que, em praça pública, queima a Bula Papal. 

Quando o julgamento de Lutero torna-se iminente, o príncipe Friedrich procura o Imperador Carlos V, a quem diz que a Inquisição não faz julgamentos justos e sim sentenças de morte. Este promete um julgamento justo e a certeza de que Lutero será julgado em Worms, na Alemanha, e não em Roma. Como o príncipe insiste em que, mesmo assim, o julgamento não será justo, Carlos V promete dar a Lutero, caso ele seja condenado, um salvo-conduto de 21 dias, antes dele ser considerado herege. 

O julgamento tem lugar em Worms, em 1521, oportunidade em que Lutero reafirma suas convicções, não se retratando. Quando ele inicia sua viagem de volta à Wittenberg, o representante de Roma, Girolamo Aleander, antigo ajudante do Cardeal Cajetan e agora promovido ao cardinalato, planeja uma emboscada a ser realizada antes que Lutero chega ao seu destino. Ocorre que os homens do príncipe Friedrich são mais rápidos e o levam para o Castelo, onde ele fica escondido e inicia a tradução da Bíblia para o alemão, como forma do povo ter acesso ao seu conteúdo. Excomungado por Roma, Lutero abandona o hábito de monge e resolve deixar por completo a vida monástica. 

Enquanto isso, acreditando que Lutero foi morto, o Prof. Andreas Karlstadt, declara a Guerra Santa, iniciando uma sangrenta revolta contra os representantes da Igreja, acompanhada de depredações de seu patrimônio. Embora Lutero não possa se expor, Spalatin sugere que ele se disfarce de cavaleiro para ver o que está ocorrendo. Assim, horrorizado com o que vê, Lutero enfrenta Karlstadt como forma de parar com aquela matança desenfreada, que já soma cerca de 100.000 vítimas. 

É quando um grupo de freiras, lideradas pela Irmã Katerina von Bora, foge do Convento de Nibschen e o procura. 

Lutero vai até o príncipe Friedrich e o presenteia com a Bíblia por ele traduzida para o alemão, dizendo-lhe que o trabalho foi a ele dedicado. Em princípio, Friedrich fica preocupado por saber que a introdução da nova Bíblia vai significar o rompimento definitivo com a Igreja de Roma, mas termina aceitando-a. 

Já livre da vida monástica, Lutero casa-se com Katerina von Bora. 

Exercendo uma forte influência sobre o Imperador, o agora Cardeal Girolamo Aleander convence o monarca a dobrar os príncipes do Império como forma de conter Lutero. Assim, em 1530, estes são convocados a comparecerem a Augsburg. Uma vez lá, na presença de Aleander, Carlos V exige que eles mandem banir todas as bíblias escritas em linguagem profana. Por unanimidade, todos se recusam a fazê-lo e, ajoelhando-se diante do Imperador, afirmam que preferem ter suas cabeças cortadas a atenderem àquela exigência. Sem o apoio de seus príncipes, Carlos V se vê obrigado a recuar. Tais acontecimentos abrem as portas da liberdade de religião. 

Lutero continuou a pregar por mais 16 anos. Ele e Katerina viveram felizes e tiveram 6 filhos.













Escritores da Liberdades 
Profª Rosangela 

Em um país como os Estados Unidos, aparentemente a terra da liberdade, o que existe, na verdade, são territórios restritos, demarcados por cada etnia aí representada, compondo um caldeirão étnico-cultural em constante ebulição. Todas as tribos acalentam a ilusão de ter que lutar contra o outro; sempre há um inimigo à espreita, o alvo de perseguições do momento.

É neste cenário caótico que a Professora Erin Gruwell, filha de um antigo defensor dos direitos civis durante os distúrbios raciais sérios que abalaram a cidade de Los Angeles, na Califórnia, em 1992, se vê diante do desafio de educar um grupo de alunos aceito compulsoriamente na Escola Wilson, após a criação de uma lei de integração racial, aprovada pela Secretaria de Educação.
Nesta classe do primeiro ano colegial, brancos, negros, hispânicos e asiáticos são obrigados a conviver no mesmo espaço. Na própria sala de aula, a de número 203, eles criam pequenos guetos, com fronteiras bem estabelecidas. Recém-graduada, Erin, magnificamente interpretada por Hilary Swank, chega à escola repleta de sonhos e ideais românticos.
Previsivelmente, ela é recepcionada por uma realidade completamente diferente da que imagina; aí ela não encontra ativistas sociais, mas sim uma juventude completamente marginalizada; não se depara com professores e diretores liberais e dispostos a acolher a nata da alteridade; ao invés disso, tem diante de si um universo preconceituoso e resistente.
A própria disciplina que lhe cabe lecionar, a língua e a literatura inglesa, parece deslocada diante deste contexto. Como impor a esta esfera multiracial, composta por grupos aparentemente tão diversificados e distintos, uma linguagem considerada estrangeira por eles e, mais que isto, um instrumento de manipulação política?
Em seu primeiro dia de aula Erin já se depara com uma antevisão do universo violento e caótico que a aguarda. A escola, que já havia sido um centro de excelência e agora testemunha a perda de seus ‘melhores alunos’, depois do ingresso de alunos que, para os demais professores e profissionais do Instituto Wilson representam a escória da sociedade, se transformou em cenário de constantes combates de gangues.
Diante desta realidade nada romântica, Erin questiona sua vocação e o papel do educador, principalmente quando seu pai reage negativamente ao seu projeto de lecionar para estes garotos. Mas, a partir do momento em que uma caricatura desenhada por um dos alunos, com o objetivo de humilhar um dos estudantes negros, vai parar em suas mãos, ela inicia uma nova trajetória de descobertas e revelações.
Deste momento em diante, a jovem mestra passa a encontrar caminhos alternativos para sensibilizar seus alunos, através de um inusitado paralelo entre o contexto racial atual nos Estados Unidos e o Holocausto, praticado durante a Segunda Guerra Mundial contra judeus, negros e outras raças consideradas inferiores pelos nazistas.
Através desta repentina analogia, Erin começa a transmitir a estes jovens noções fundamentais sobre tolerância, respeito, aceitação das diferenças e convivência pacífica. Ela desenvolve, então, um método que parte da realidade de cada aluno, expressa por meio da escrita e da leitura.
Esta surpreendente história, transposta para o cinema pelo diretor Richard Lagravenese, se baseia em fatos reais, retratados no livro Diário dos Escritores da Liberdade, publicado em 1999, a partir dos diários desenvolvidos pelos jovens, estimulados por Erin a representar nestes cadernos suas trajetórias existenciais. Aos poucos, estes textos despertam nos estudantes uma visão diferente do outro, até então visto apenas como o inimigo. Eles percebem que, entre eles, há mais coisas em comum do que poderiam imaginar.
Fontes:
Escritores da Liberdade. Direção: Richard Lagravenese. EUA, 2007, 123 min.

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