Um assunto bastante recorrente em nossas reuniões pedagógica refere-se ao baixo índice de leitura e interpretação demonstrado pelos nossos alunos nas provas e trabalhos internos e também comprovado pelas avaliações externas além do alto índice de reprovação nas redações no ENEM, este ano sendo divulgado um número altíssimo (cerca de 53 mil) redações zeradas no exame.
Como professores não podemos ouvir esses dados e ficar parados. Não podemos mudar o Brasil, mas devemos fazer algo para mudar a realidade da Escola na qual estamos inseridos. Portanto, compartilho com vocês e indico a leitura do livro: Ler e escrever – compromisso de todas as áreas, UFRGS que não dão pistas seguras para amenizarmos os danos causados por uma baixa escolarização, sobretudo em relação ao hábito de leitura no processo de ensino e aprendizado.
A escola reveste-se de grande responsabilidade como mantenedora e controladora da aprendizagem. Sendo assim, atribuição da escola fazer com que os alunos tenham acesso a uma aprendizagem mais significativa, traçando estratégias conjuntas que promovam a melhoria do processo de aprendizagem e que contribuam para a resolução das dificuldades que os alunos enfrentam.
É fato que enfrentamos uma crise no que diz respeito a expressão oral e escrita dos alunos. Por anos, tal deficiência era atribuída a uma suposta falha dos professores específicos dessa área de ensino, porém, sabemos que não é assim. Por exemplo: Nas proposições curriculares da Rede Municipal de Belo Horizonte, na página 10, reza:
[...] No entanto, a alfabetização e o letramento não devem ser tarefas apenas de responsabilidade do professor de língua portuguesa, mas devem também ser trabalhados pelos professores das outras disciplinas de forma integrada e interdisciplinar, dado que o desenvolvimento das habilidades de leitura, de escrita e de oralidade são essenciais para a aquisição dos demais conteúdos curriculares para que os alunos leiam e compreendam qualquer tipo de texto de qualquer área do conhecimento. (Proposições Curriculares de LP – REM-BH, p. 10)
E, como afirma os PCN’s.
[...] É tarefa de todo professor, portanto, independentemente da área, ensinar, também, os procedimentos de que o aluno precisa dispor para acessar os conteúdos da disciplina que estuda. Produzir esquemas, resumos que orientem o processo de compreensão dos textos, bem como apresentar roteiros que indiquem os objetivos e expectativas que cercam o texto que se espera ver analisado ou produzido não pode ser tarefa delegada a outro professor que não o da própria área. (PCNs, 1998, p. 32)
[...] Cabe a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade. (PCN, 1997, p. 30). Nesse sentido, o texto poderia ser um instrumento para unir componentes curriculares instigando à leitura e provocando a reflexão. Desta forma, a variedade textual poderia orientar a programação curricular, definindo objetivos, conteúdos e atividades. Expandindo o conhecimento letrado do aluno (PCN´s, 1997, p. 34).
Portanto, os professores precisam de comum acordo, em um esforço concentrado e planejado, ajudar nossos alunos a melhorar a escrita e interpretação. Pois, sendo a escrita, uma manifestação do pensamento, uma escrita confusa e desordenada revela muita coisa e precisa ser orientada e desenvolvida não apenas pelo professor diretamente responsável pela oralidade e escrita (língua portuguesa), mas pelos professores de todos os conteúdos. Há então, a necessidade de um ensino da escrita no qual o professor possa intervir no processo com vista a orientar e proporcionar o suporte necessário para o desenvolvimento das competências requisitadas pela escrita tais como: associar, refletir, discernir, opinar, argumentar entre outras. Assim como deve facultar o contato com diferentes textos e explicitar suas diferentes funções.
Assim, preparamos para vocês estas orientações para o trabalho de leitura em todas as matérias. Muito já é feito por vocês, mas estamos apenas ressaltando a importância de se continuar este trabalho em sala. Segue algumas sugestões:
1. Cobre e avalie a ortografia, pontuação e organização de trabalhos, atividades e provas. Corrija erros ortográficos e avalie uma certa porcentagem da nota nesses critérios.
2. Cobre respostas completas, coerentes, com justificativas claras. Avalie se o aluno defende seu ponto de vista com argumentação lógica.
3. Invista em atividades que melhore a oralidade tal como: apresentação de trabalhos, discussões, debates, júris simulados, música, teatro, dinâmicas.
4. Exija leitura em voz alta, com entonação, pontuação adequada, tom de voz claro.
5. Formule questões claras, sem duplo sentido, varie os tipos de questões (abertas e fechadas), não se esqueça de incluir questões que cobrem opiniões.
6. Não leia ou dê explicações na hora das avaliações.
7. Nos cartazes e banners, oriente e avalie margem, letra caixa alta, ortografia, organização no papel (layout), gravuras com legendas, bibliografia e desenhos nítidos e apropriados (pertinência)
8. Cobre pontualidade nas entregas de trabalhos. (Formação de hátitos)
9. Estimule o hábito de consulta ao dicionário e afins, (mesmo o dr. Google, wikipedia, etc. É melhor consultar do que permanecer na dúvida...)
10. Cobre trabalhos escritos ou impressos com capa, folha A4 e toda identificação do aluno ou do grupo de alunos (escola, professor, aluno (s), turma, matéria, tema, ano, série). O desenvolvimento deve ser definido pelo professor de acordo com o tema, mas não podem faltar conclusão e bibliografia. Oriente o trabalho de forma que possibilite não só uma pesquisa, mas também redação das suas impressões sobre o tema abordado.
11. Em trabalhos de apresentação oral avalie a postura adequada para apresentar e para assistir. Avalie também o planejamento, a organização e pontualidade.
12. Sugerimos alguns gêneros textuais para serem trabalhados em conjunto por todos, além dos costumeiros é claro!
- Artigos de opinião.
-Reportagem
-Texto cientifico
-Infográficos
-Propaganda (vídeo, outdoors , banners, flyers (folhetos), etc)
Referencias
- NEVES, SOUZA E OUTROS ORG. – Ler e Escrever compromisso de todas as áreas. EDITORA UFRS, 5ª ed. 1998
- Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997 e 1998
- Proposições Curriculares da REM – BH, 1996
Bh, fevereiro de 2016
Sugiro a leitura desse livro:
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