NOME:
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Nº
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1º ano do Ensino Médio
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TURMA:
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Data 29 / 11 / 18
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DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
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PROF.: ROSILENE / FERNANDO
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ASSUNTO: ESTUDOS INDEPENDENTES
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VALOR: 40 PTS
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NOTA:
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Leia atentamente o conto Primeiro dia de Geovani Martins a seguir:
Primeiro dia
Quando
terminou o ano letivo, André nem quis deixar os colegas escreverem na sua
camisa. Era o seu último dia ali e ele estava de saco cheio daquela escola, da
professora, dos alunos, de tudo. Além do mais, morria de vergonha toda vez que
alguma gatinha perguntava onde ele estudava e tinha que responder: Antônio
Austregésilo. “Porra, isso lá é nome de escola ou, pior, de gente?”, ficava
pensando. Ainda assim, se tratando de nome, se consolava porque alguns amigos
estudavam em escolas com nomes piores, cujo som era um convite pra zoação
instantânea, formando bordões do tipo: “Ubaldo de Oliveira, entra burro e sai
caveira”. Ou o clássico: “Djalma Maranhão, entra burro e sai ladrão”. Pelo
menos Austregésilo não rimava com nada, só carregava o mal de ser mesmo um nome
muito feio. Além de tudo isso, ainda tinha o fato de André ser repetente numa
escola primária, ou seja, cheia de crianças de sete, oito anos, quando ele já
tinha onze, logo faria doze, se considerava praticamente um adolescente.
Tudo
ia mudar estudando na Henrique. André tava todo confiante, certo de que havia
estourado a boa. Sabendo que todo mundo respeita sua futura escola porque os
moleques de lá são neuróticos, sonhava em ser neurótico também, aproveitar que
toda semana tinha porrada contra o bonde lá da Getúlio e fazer seu nome. Da
região, a única escola que batia de frente com a Getúlio no porradeiro era a
Henrique. A briga é parte de uma rivalidade que atravessa gerações, que hoje em
dia ninguém é capaz de explicar como começou e muito menos prever como vai
terminar, confronto que carrega uma série de histórias cabulosas que são
contadas sem hora marcada pelas ruas de Bangu.
André
sempre foi desligado. Nas aulas, nas missas, nos almoços de família. Estava
sempre longe, fantasiando tudo com a mesma paixão e a mesma urgência. Só nas
férias não sentia necessidade de ficar sonhando acordado. Preferia manter os
pés no chão, correr bem rápido, sentir bater forte o coração. No entanto, dessa
vez não conseguia ficar sem imaginar sua estreia na escola nova. Mesmo com a
pipa, a bolinha de gude e o pião comendo solto durante o dia e o golzinho
reunindo a galera toda quando caía a noite, arrumava uma brecha no pensamento
pra sonhar com o futuro próximo.
Na
véspera do primeiro dia de aula nem dormiu. Ficou a noite inteira se revirando
no sofá-cama, imaginando sua vida nova na escola dos grandes. Agora teria oito
professores, um pra cada matéria. Poderia reprovar em até duas disciplinas e
fazer a dependência no ano seguinte. Estava decidido que entraria na primeira
briga pra defender a escola, e lutaria com tanto amor à camisa, que cairia no
gosto dos moleques mais velhos. Não que gostasse de brigas ou tivesse alguma
habilidade especial com socos e chutes; até então havia sido medíocre nos confrontos
envolvendo moleques da sua idade, mas não tinha outro jeito, carregava a
certeza de que só assim receberia o respeito de que precisava. Caso contrário,
sua vida seria um inferno, tomando miolo e sendo zoado de pirralho de segunda a
sexta até chegar à sétima série.
Deixou
em casa os lápis de cor, a régua, as canetinhas e todo o resto da lista de
material que a mãe fazia questão de comprar inteira, por mais que doesse no
bolso, e levou apenas seu caderno do Flamengo e uma caneta Bic. Ter um estojo,
sentar na frente, responder as perguntas do professor, são péssimas ideias pra
quem pretende ser respeitado na escola.
Pelos
buracos redondos na parede que serviam de janela, podia ver a quadra de
futebol. Era grande, com cobertura e tudo, tinha até mesmo um vestiário pra
tomar banho depois da aula de educação física. Embora estivesse nervoso,
tentando controlar cada passo que dava, André ainda conseguia aproveitar um
pouco o gosto de cada novidade.
Viu
duas garotas sentadas no fundo da quadra, perto do alambrado, fumando um
cigarro escondidas do inspetor. Acompanhou a cena com satisfação, pensando que
era um pouco cúmplice das duas naquele momento. Sentia que estava crescendo,
amadurecendo diante da vida nova que se apresentava. O que estaria fazendo quando
completasse vinte anos de idade? Seria um empresário, jogador de futebol,
paraquedista?
O
último tempo antes do recreio foi de francês, André não entendeu nada. Não
conseguia parar de olhar pra monocelha do professor, além de não se interessar
nem um pouco pela língua. Queria mesmo era estudar inglês, porque todo mundo
diz que dá dinheiro, e também por conta dos videogames. Sabia que, se
aprendesse a língua que falavam os personagens dos jogos preferidos da
rapaziada, seria convocado por todo mundo pra jogar junto. Naquela época, era
mais fácil aprender inglês na escola do que ganhar da mãe seu próprio
videogame. Só voltou a si depois de bater o sinal, ouvindo um colega da turma
informar que CU em francês quer dizer “pescoço”. Com essa informação, acabou
simpatizando um pouco com a aula. Podia não servir pra nada o idioma, pensou
André, mas que era engraçado era.
Na
porta do refeitório estavam os moleques da oitava. André os viu logo assim que
chegou no pátio, sabia que pra sobreviver ali precisava se manter firme diante
de qualquer terror. “Não vai ter almoço pra ninguém”, eles disseram. André
ficou olhando pra cara de cada um deles, tentava fazer a expressão mais dura
possível, tentava parecer perigoso e imprevisível. “Bora geral pro banheiro”,
disse um moleque meio playboy com cabelo de chapinha pintado de louro. E foram
todos. Chegando lá, eles mandaram o papo de como funcionava a escola. André
ouvia atentamente cada palavra. Parecia justo. “Todo novato tem que passar pelo
teste”, disseram, depois de explicar as regras. André pensou logo que seria
pederastia. Pra isso não estava preparado, não imaginava que na escola dos
grandes, onde as meninas já fumam e transam, precisaria passar por esse tipo de
coisa. Mas não era.
Tratava-se
do teste da Loura do Banheiro. André conhecia muito bem essa história, e não
conseguia acreditar que estava acontecendo. A Loura do Banheiro foi uma menina
que se matou após ser estuprada no banheiro da escola. Desde então, toda vez
que alguém fala “Loura do Banheiro” três vezes na frente do espelho, ela
aparece. Depois disso é preciso fugir o mais rápido possível, antes que o
espírito tome conta do banheiro, pois, se isso acontecer e você estiver
presente, restam apenas duas opções: ficar maluco por conta da presença da
menina ou ser abduzido pra dentro do espelho.
Uma
vez André a desafiou por conta própria, por simples curiosidade, e conseguiu
fugir. Mas sentiu tanto medo que prometeu a si mesmo que nunca mais, por nada
nesse mundo, repetiria o feito. Disparou para os moleques: — Ah, manda um teste
de verdade, pô. Esse papo de Loura do Banheiro é pra assustar os menó lá da
Antônio. — E riu meio sem graça. Daí então, o moleque de chapinha sentenciou: —
Já que tu não acredita, tu vai ser o primeiro. Geral saindo do banheiro, rapaziada.
Saíram todos, a porta se fechou, as luzes se apagaram. André ardia pensando nos
miolos que ia levar, nas gatinhas que não ia pegar, nas peladas que ia ficar
sempre de outra, e em tudo de terrível que aconteceria se fraquejasse naquele
momento. Firmou as pernas bambas no chão, respirou forte, olhou no fundo dos
olhos do espelho e fez a oração: “Loura do Banheiro, Loura do Banheiro, Loura
do Banheiro”.
MARTINS, Geovani. O sol na cabeça. São Paulo:Companhia
das Letras, 2018
Sobre o autor: GEOVANI
MARTINS nasceu em 1991, em Bangu, no Rio de Janeiro. Trabalhou como
“homem-placa”, atendente de lanchonete, garçom em bufê infantil e barraca de
praia. Em 2013 e 2015, participou das oficinas da Festa Literária das
Periferias, a Flup. Publicou alguns de seus contos na revista Setor X e foi
convidado duas vezes para a programação paralela da Flip.
Com base no conto lido, responda às questões
propostas (use como referência de pesquisa a seção de literatura de seu livro
didático p. 11 a 111). Faça esta seção em folhas separadas:
1. O
narrador do texto também é personagem da história? Justifique sua resposta.
2. O
conto apresenta um enredo linear? Justifique sua resposta.
3. O
texto apresenta narrador onisciente ou narrador observador? Comente esta
resposta, tendo em vista o modo como a história é contada.
4. Quais
características o conto apresenta sobre a personagem principal? Redija um
comentário descrevendo o personagem (utilize trechos do conto para comprovar
sua descrição).
5. Explique
o seguinte trecho do conto, dando significado às palavras grifadas:
Tudo ia mudar estudando na Henrique. André tava todo confiante, certo
de que havia estourado a boa. Sabendo que todo mundo respeita sua futura escola
porque os moleques de lá são neuróticos, sonhava em ser neurótico também,
aproveitar que toda semana tinha porrada contra o bonde lá da Getúlio e fazer
seu nome.
6. Este
conto basicamente aborda determinado momento de transição na vida do personagem
André. Defina qual é este momento e como o personagem se sente frente a esta
mudança.
7. André
acredita que exista um teste para fazer parte de um novo grupo. O que realmente
é este teste? Atente para ânsias do personagem descritas no conto e responda se
André estava certo ou não sobre o teste.
8. O conto contém um só drama, um só conflito,
uma só história. Identifique estes três elementos narrativos no conto lido,
justifique cada um deles com trechos retirados do conto.
9. Retire
do conto pelo menos quatro exemplos de variações linguísticas e classifique-as
10. O
conto narra fatos bastante comuns da vida escolas. Narre uma situação similar à
qualquer uma das situações vivenciadas pelo personagem André.
11. Existe
um trecho no conto que gera basicamente um tipo de ‘lenda’, a Loura do
Banheiro. A ‘crença’ dos alunos nesta ‘lenda’ é condizente com as aspirações de
maturidade de André? Justifique os pontos que alicercem sua resposta.
12. O
desfecho condiz com a narrativa desenvolvida no conto?
As questões a seguir revisam o conteúdo
trabalhado em sala. Utilize como referência as seguintes seções do livro Novas
palavras:
·
Noções de variações linguísticas. – p. 158
·
Noções de semântica – p. 176
·
Figuras de linguagem – p. 198
·
Acentuação gráfica – p. 222
·
Classes de palavras – p. 257 a 294.
QUESTÃO
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13
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14
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15
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16
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17
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18
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19
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20
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RESPOSTA
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A
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A
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A
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A
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A
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A
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A
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A
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B
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B
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B
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B
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B
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B
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B
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B
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C
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C
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C
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C
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C
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C
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C
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C
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D
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D
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D
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D
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D
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D
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D
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D
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E
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E
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E
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E
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E
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E
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E
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E
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Questão
13: Das alternativas abaixo, assinale aquela em que ao menos UMA palavra NÃO está acentuada corretamente:
a)
papéis fiéis ilhéu chapéu ilhéus chapéus
b)
júri lápis vírus bônus humus
c)
saí baú país baús Piauí teiú tuiuiús
contribuí
d)
tênis vênus ônus pônei
e)
fácil hífen mórmon repórter tórax bíceps
Questão
14: Das alternativas abaixo, assinale aquela em que, quanto ao processo de
formação, TODAS as palavras estão CORRETAMENTE classificadas:
a)
Madrepérola - justaposição / Fonseca – aglutinação /
Pontapé – justaposição
b)
Petróleo – aglutinação / Gastrônomo
– justaposição / Claraboia - justaposição
c)
Vaivém – derivação sufixal /
Sambódromo – hibridismo / Burocracia – hibridismo
d)
Tenacidade – derivação sufixal /
Arvoredo – derivação prefixal / enfraquecer – derivação parassintética
e)
Desleal – derivação prefixal /
esclarecer – derivação sufixal / planalto – composta por aglutinação
Questão 15: Analise as afirmações.
I – O substantivo fã tem o mesmo emprego que o
substantivo vítima quanto à flexão de gênero.
II – Está correta, quanto à grafia, a frase: Um bom
livro também ajuda a relaxar, mas se fosse um mal livro, isso não aconteceria.
III – O plural de mãe de santo é mães de santo.
Está correto o que se afirma em
Leia o poema a seguir e responda às questões de 16
a 18:
A
namorada
Havia um
muro alto entre nossas casas.
Difícil
de mandar recado para ela.
Não havia
e-mail.
O pai era
uma onça.
A gente
amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E
pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a
namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma
glória!
Mas por
vezes o bilhete enganchava nos galhos da
goiabeira
E então era
agonia.
No tempo
do onça era assim.
Manoel de
Barros
Poesia
completa. São Paulo: Leya, 2010.
Questão 16: O pai era uma onça. Nesse verso, a palavra
onça está empregada em um sentido que se define como:
a) irônico
b) antitético
c) enfático
d) metonímico
e) metafórico
Questão
17: Difícil de mandar recado para ela. (...) E então era agonia. Estes dois versos apresentam uma figura de
linguagem chamada:
a)
Anáfora,
que é a repetição de termos ou trecho de frase no início de uma oração ou
sequência de versos.
b)
Pleonasmo,
que consiste na intensificação de um elemento textual pela repetição da ideia
já contida neste elemento.
c)
Onomatopeia,
que consiste na tentativa de reproduzir verbalmente um som ou ruído.
d)
Elipse,
que consiste na omissão de uma palavra ou expressão.
e)
Aliteração,
que consiste na repetição de um determinado som consonantal ou de sons
consonantais semelhantes.
Questão
18: Dos versos selecionados a seguir, assinale o que comprova que o eu lírico
do poema está narrando um fato passado em que a comunicação era mediada de uma
forma diferente da dos dias atuais:
a)
No tempo
do onça era assim.
b)
E
pinchava a pedra no quintal da casa dela.
c)
Não havia
e-mail.
d)
Se a
namorada respondesse pela mesma pedra
e)
Era uma
glória!
Questão
19: A palavra exerce a função de substantivo ou de adjetivo conforme seu papel
(ou valor) no texto. Indique, relacionando as duas colunas, se a(s) palavra(s)
destacada(s) em cada uma das sentenças abaixo funcionam como substantivo ou
como adjetivo. Marque dentro dos parênteses respectivamente S para substantivo
e A para adjetivo e após marque a sequência correta nas opções:
1.
( ) ( )Os
ricos mais ricos.
2.
( )
Escritório móvel.
3.
( )
Móvel funcional.
4.
( ) Terroristas realizam ataque
suicida
5.
( ) Atentado
terrorista mata pelo menos 19
pessoas em Israel.
6.
( ) Budistas ganham espaço no
Brasil.
7.
( )Foi inaugurada em São Paulo a primeira
universidade budista da
América latina
Marque a sequência correta
a) 1. ( S ) ( A ), 2. ( A ), 3. (
S ), 4. ( S ), 5. ( A ), 6. ( S ), 7. ( A )
b) 1. ( A ) (A), 2. ( A ), 3. ( A
), 4. ( S ), 5. ( S ), 6. ( S ), 7. ( S )
c) 1. ( S ) ( A ), 2. ( S ), 3. (
S ), 4. ( A ), 5. ( S ), 6. ( S ), 7. ( A )
d) 1. ( A ) (S), 2. ( S ), 3. ( A
), 4. ( S ), 5. ( A), 6. ( S ), 7. ( S )
e) 1. ( S ) ( S ), 2. ( A ), 3. (
A ), 4. ( A ), 5. ( A ), 6. ( A ), 7. ( A )
Questão 20: Quanto à classificação dos numerais,
podemos afirmar que
I.
Os
numerais cardinais indicam uma quantidade exata de seres.
II.
Os
numerais ordinais indicam a posição ocupada por alguém ou por alguma coisa em
uma determinada sequência.
III.
Sexagésimo
é um numeral cardinal.
IV.
Um terço
é um numeral ordinal.
a)
Somente a
afirmativa I está correta.
b)
São
corretas as afirmativas I, III e IV.
c)
São
corretas as afirmativas I e II.
d)
Todas as
afirmativas estão corretas.
e)
Nenhuma
das afirmativas está correta.
A educação é o nosso
passaporte para o futuro, porque o amanhã pertence às pessoas que se preparam
para hoje. – Malcolm X.
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