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Nº
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2º ano do Ensino Médio
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TURMA: F e J
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Data
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DISCIPLINA: HISTÓRIA
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PROF.: SIMONIA
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ASSUNTO: A CONJURAÇAO MINEIRA - 1789 - TEXTO 2 PARA ANÁLISE EM SALA
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VALOR:
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NOTA:
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Ø ATENÇÃO: Fazer a
leitura atenta, registrar o título do texto e as perguntas no caderno e
responder
A CONJURAÇAO MINEIRA
- 1789
Conjuração ou inconfidência?
Em Minas Gerais, no final
do século XVIII, ocorreu um
movimento que se destinava a realizar a independência da capitania, denominado
Conjuração Mineira.
Conjuração é o ato de
conjurar, ou seja, de conspirar contra uma autoridade estabelecida. No caso
especifico desse movimento, conjurou-se contra a Coroa portuguesa e contra o
regime colonial imposto por ela.
Esse movimento também é
conhecido por Inconfidência Mineira, uma denominação que encontramos
freqüentemente em livros, jornais e revistas. No entanto, consideramos o termo
conjuração mais adequado, visto que inconfidência significa falta de fidelidade
para com alguém, particularmente para com um soberano ou Estado.
Teria sido falta de
fidelidade? Como vimos anteriormente, nas últimas décadas do século XVIII
começou--se a falar em Brasil, em auto-governo, em leis próprias e em liberdade
econômica. Naquela época, a consciência nacional avançou.
Por isso, falar que os
homens que participaram do movimento não estavam sendo fiéis ao governo
português é percebê-lo segundo a visão da metrópole, e não da colônia. É
desconsiderar o avanço da consciência nacional em uma parte da população, que
passou a lutar pela emancipação.
A crise em Minas
Na década de 1780,
a situação na capitania era de dificuldade para a maioria da população, devido,
principalmente, ao declínio da mineração de ouro e à cobrança de impostos
excessivos.
A partir da segunda
metade do século XVIII, amineração
entrou em declínio. Dentre os fatores que concorreram para a decadência da
atividade, destacam-se: o esgotamento do ouro de aluvião (aquele ouro que era
encontrado nas camadas mais superficiais do solo, como na margens e nos leitos
dos rios) e as deficiências técnicas materiais para a exploração dos veios mais
profundos. (A técnicas para este tipo de exploração já eram conhecida na
Europa, mas não havia um intercâmbio técnico-científico entre o Brasil e o
“Velho Mundo”.)
Com o declínio da
mineração, ocorreu uma redução da produção de ouro e a consequente queda na
arrecadação de impostos. A Coroa portuguesa considerou que a queda devia-se à
sonegação por parte dos mineradores ao contrabando.
Naquela época,
Portugal atravessava uma séria crise devido à dependência em relação à
Inglaterra. Um conjunto de tratados comerciais assinados entre os dois países
selou a dependência da nação portuguesa e, indiretamente de suas colônias, em
relação à Inglaterra. O mais significativo desses tratados foi o de Methuen, de
1703.
Assim, ao mesmo tempo em
que a mineração entrou em declínio, a Coroa portuguesa aumentou os impostos
sobre a atividade e também a fiscalização.
O sistema de cobrança de
impostos, o quinto, foi modificado a partir de 1750. Através de uma Carta
Régia. a Coroa portuguesa estipulou o quinto em cem arrobas de ouro anuais.
Este era o mínimo que deveria ser pago ao governo metropolitano. Caso esse
mínimo não fosse atingido, deveria ser aplicada a derrama, ou seja, a cobrança
obrigatória (compulsória) de um complemento a ser pago por toda a comunidade.
Por algum tempo (cerca de
quinze anos após a Carta Régia), o quinto foi pago sem problemas. No entanto,
com o esgotamento do ouro de aluvião, com o encarecirnento da extração de ouro
de camadas um pouco mais profundas (eram necessários mais escravos e mais
equipamentos) e com os novos tributos (em 1788 houve uma reforma do sistema de
taxas sobre os produtos que entravam na capitania), tornou-se muito difícil
obter a cota mínima.
Como a derrama recaía sobre
toda a população mineira, muitos habitantes mudaram-se para as capitanias do
Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. A crise tornou-se mais grave para os que
ficaram em Minas. Um número menor de pessoas deveria pagar grandes somas para
que a cota mínima fosse atingida.
A situação era tão crítica
que em 1773 a Junta da Fazenda de Minas (órgão criado em 1765 com a função de
cobrar os impostos) suspendeu a derrama. Os mineradores não conseguiam mais
pagar os impostos e tornavam-se a cada ano mais endividados junto à Coroa. Em
1788, em função de medidas de caráter administrativo adotadas pelo governo metropolitano,
a Junta da Fazenda iniciou os procedimentos para cobrar a derrama.
O movimento
Diante da grave crise e da
ameaça da derrama, um grupo extremamente diversificado de pessoas, quase todas
pertencentes à elite econômica e intelectual das Minas Gerais, deu início a uma
série de reuniões cujo tema básico era a possibilidade de uma rebelião.
As primeiras reuniões
ocorreram em dezembro de 1788. Movidos pelos mais diversos interesses,
militares, padres, fazendeiros, advogados e alguns poetas estabeleceram uma
série de planos para o movimento.
Os planos dos conspiradores
continham idéias presentes na Constituição dos Estados Unidos e nas obras dos
escritores iluministas franceses. Planejava-se instaurar a república e
transferir a capital para São João dei Rei.
Destacam-se como outros
pontos dos planos:
a) criação da Casa da Moeda
— com isto todo o ouro seria recolhido e o papel-moeda entraria em circulação;
b) liberação
do Distrito Diamantino — a extração de diamantes ficaria aberta a todos os
interessados;
c) instalação de uma universidade em Vila Rica.
Além da universidade, previa-se a criação de escolas, hospitais e casas de
caridade;
d) substituição do exército pelas milícias
nacionais - seria instituído o serviço militar obrigatório;
e) cancelamento das dívidas
com a Coroa portuguesa e manutenção da estrutura socioeconômica.
A respeito da idéia de
independência, ao que tudo indica, os conjurados pensavam apenas em termos da
Capitania de Minas Gerais. Em relação à abolição da escravatura, alguns a
defendiam, por acharem que os negros,. agradecidos, se juntariam à rebelião e
lutariam ao lado de seus ex-proprietários. Já outros a combatiam, provavelmente
por serem proprietários de escravos e temerem a. falta de braços para o
trabalho, após a emancipação da
capitania.
Anteriormente, afirmamos que os
participantes eram movidos elos mais diversos interesses. A idéia separatista
era comum a todos, mas analisando a condição. de cada conjurado à época do
movimento, percebemos que. os motivos pessoais que os levaram a conspirar e a
defendê-la eram muito fortes. Vejamos alguns exemplos.
Freire de Andrade,
responsável pelo Regimento de Dragões da capitania, estava ameaçado de perder o
comando das tropas. Alvarenga Peixoto, poeta, juiz, grande minerador e
latifundiário, estava falido (devia uma fortuna em impostos atrasados). O padre
Rolim estava ameaçado de banimento por praticar tráfico de escravos e,
contrabandear diamantes. Domingos Vieira, Silvério dos Reis e Rodrigues de
Macedo também eram devedores da Fazenda Real.
Como se pode ver, havia
muitos interesses em jogo. Polêmica é a participação de Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes. Para alguns historiadores, é considerado um herói, um
homem que lutou pela independência sem nenhum interesse pessoal. Para outros,
apenas um divulgador das idéias separatistas da elite endividada, mesmo sendo o
mais humilde de todos os participantes.
De acordo com os planos dos
conjurados, a rebelião teria início quando a derrama fosse decretada (fevereiro
de 1789). Tal fato, acreditavam os conspiradores, atrairia o apoio popular para
o movimento.
Em função do grande número
de pessoas envolvidas e das dimensões do movimento, era praticamente impossível
manter os planos em segredo absoluto. Ao que tudo indica, até mesmo as
autoridades portuguesas já sabiam das intenções dos conspiradores. É sabido que
o próprio Tiradentes terminava os seus discursos nas tavernas de Vila Rica
dando vivas à república.
Em março de 1789, o
governador de Minas suspendeu a derrama. As razões que o levaram a suspender a
cobrança de impostos são discutidas pelos historiadores. Alguns acreditam que o
fato ocorreu após a delação de um dos conspiradores: Silvério dos Reis. Este,
esperando obter o perdão para suas dívidas, teria contado todos os detalhes dos
planos e entregue a relação dos envolvidos. Outros afirmam que o governador,
tendo conhecimento prévio dos planos, suspendeu a derrama para evitar a
rebelião, antes da delação de Silvério dos Reis. Uma carta dirigida à Câmara de
Vila Rica, um dia antes da delação comprovaria esta hipótese.
O que importa para nós,
nesse momento, são os efeitos da suspensão. Não havia mais o motivo para o
levante, pelo menos naquela época. Isso porque a derrama foi suspensa, e não
cancelada.
Assim, o movimento foi
debelado antes mesmo que a revolta tivesse início. Os conspiradores foram
presos e, após longo processo judicial (devassa) — 1789-1792 receberam as suas
sentenças. A princípio, vários conjurados foram condenados à morte, mas,
posteriormente, tiveram sua pena comutada em degredo perpétuo, exceto
Tiradentes. Outros foram punidos com o degredo temporário e uns poucos foram
absolvidos.
Tiradentes foi executado no
Rio de Janeiro, em 1792. Seu corpo foi esquartejado e as partes foram pregadas
em postes pelos caminhos de Minas.
A CONJURAÇÃO BAIANA 1798
A crise na capitania
Nos últimos anos da década de 1790,
ocorreu, na Bahia, uma outra conjuração. O movimento baiano teve raízes
populares e foi provocado pelas péssimas condições econômicas da capitania.
De fato, a crise na Capitania
da Bahia tem suas origens na decadência da lavoura açucareira. No século XVIII,
quando a mineração de ouro tornou-se a principal atividade econômica da
Colônia, a Coroa portuguesa transferiu a capital de Salvador para o Rio de
Janeiro (1763), agravando a crise.
Salvador, núcleo da
conjuração, não possuía uma atividade econômica que garantisse boas condições
de vida à sua população. A maioria das construções da cidade foram erguidas
antes da transferência da administração Colônia para a região Sudeste.
A ausência de uma atividade
econômica de porte pode ser comprovada pelo grande fluxo de mercadorias que
entravam e saíam de Salvador. De Portugal eram comprados alimentos, roupas,
ferramentas e munições. Do sul da Bahia chegavam alimentos, assim como do vale
do Rio São Francisco e das capitanias do Sul. Os principais produtos de
exportação eram a cachaça, o tabaco e o açúcar destinados ao mercado africano.
A Coroa portuguesa
insistiu, mesmo em uma época de crise, com a política de cobrança excessiva c
impostos. Os abusos fiscais contribuíram para aumentar ainda mais a miséria e a
insatisfação, principalmente entre as camadas mais pobres da população (cerca
de um terço da população de Salvador era constituída de brancos, dois terços de
negros e mulatos).
Os conjurados e as idéias
Diferentemente
da Conjuração Mineira, na qual houve a participação marcante dos homens da
elite econômica e intelectual, na Conjuração Baiana verificou-se a participação
de representantes dos diversos segmentos sociais — escravos, artesãos mulatos,
padres, senhores de engenho, militares, profissionais liberais, escravos
artesão e pequenos mineradores.
A princípio,
as idéias de rebelião (objetivando a instalação de uma república independente)
circularam apenas entre a elite intelectual
ou elite ilustrada. Eram pessoas
que se reuniam para discutir textos de Adam Smith e Rousseau. Desses encontros
surgiu a sociedade dos Cavaleiros da Luz,
que se dispôs a organizar e divulgar o movimento republicano na Bahia.
Através de panfletos, foram
difundidas as idéias de liberdade e igualdade numa linguagem bem popular. Tais
idéias tiveram grande repercussão principalmente entre as camadas humildes.
Novos líderes surgiram delas, como os alfaiates mulatos Manuel Faustino e João
de Deus, e os soldados, também mulatos, Lucas Dantas e Luís Gonzaga.
A partir daí, a questão
social (miséria, escravidão, falta de terra e de trabalho) passou a ser
discutida juntamente com a questão colonial (independência da capitania).
Ao contrário do que
aconteceu em Minas, o modelo dos conspiradores baianos não era a independência
dos Estados Unidos. Em função das características sociais e econômicas e das
idéias de Rousseau, o modelo era a fase radical da Revolução Francesa.
A propaganda passou a ser
dirigida aos escravos (que trabalhavam em diversas atividades e eram obrigados
a entregar os rendimentos aos seus proprietários) e aos artesãos mulatos. Os
principais pontos dos planos dos conjurados baianos eram:
a) independência da capitania;
b) proclamação da república;
c) abolição da escravatura;
d) liberdade de comércio;
e) igualdade de todos perante a lei.
O movimento e a reação
Os planos dos conspiradores
não eram secretos. As reuniões aconteciam em vários locais de Salvador, sendo
alguns deles bem conhecidos das autoridades portuguesas, como o hospital
militar e um café que ficava em frente ao palácio do governador.
O governador não
acreditava que pudesse ocorrer uma rebelião na capitania. Opinião diferente
possuíam as autoridades portuguesas do Rio de Janeiro. Uma vez informadas,
exigiram do governador baiano (Fernando José de Portugal) uma atitude
repressiva.
A partir desse momento, os
conspiradores decidiram intensificar a propaganda, fazendo circular um número
enorme de panfletos dirigidos ao poderoso
e magnífico povo baiense republicano.
Nesse processo, podemos
identificar dois equívocos cometidos. O primeiro foi o de anunciar e marcar o
dia da revolta (um documento foi enviado ao governador, assinado pelos anônimos
republicanos). O segundo foi o de acreditar que o governador, um homem nomeado
pela Coroa portuguesa, se colocaria ao lado do povo baiense, aceitando o cargo
de cidadão presidente.
Os que pretendiam realizar
a independência da capitania sabiam transmitir muito bem as idéias de liberdade
e igualdade, mas não dispuseram de meios para transformá-las em realidade. Em
agosto de 1798, teve início a repressão ao movimento baiense. As prisões foram
sendo efetuadas, antes que a revolução fosse desencadeada.
A elite ilustrada (“Cavaleiros da Luz”) escapou ilesa devido à
pressão que a elite baiana exerceu sobre as autoridades. Já os mais humildes
não tiveram a mesma sorte. Manuel Faustino, Lucas Dantas, João de Deus e Luís
Gonzaga foram enforcados e os seus corpos, esquartejados, expostos em lugares
públicos. Outros foram condenados ao degredo e à prisão. Ao todo, trinta e três
conspiradores foram presos e processados. Desse total, cinco eram alfaiates, o
que fez com que a Conjuração Baiana também ficasse conhecida como Conspiração
dos Alfaiates.
Texto extraído de
: História em Construção. Ricardo,Adhemar e Flávio. Ed Lê
QUESTÕES SOBRE O TEXTO:
1. Por que
os autores deste livro consideram mais coerente a utilização da palavra conjuração ao invés de inconfidência?
2. Quais
as razões para o declínio da atividade mineratória em meados do século XVIII?
3. O que
era a derrama?
4. Quais
os principais planos dos conjurados mineiros?
5. Qual a principal diferença da Conjuração Baiana em relação à
Mineira?
6. Comparando-se
a situação de Minas com a da Bahia, podemos afirmar que na segunda capitania o
problema era mais social que colonial, à época da conjuração? Explique a sua
resposta.
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